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A AUTORA


Allana Gonzalez
Maringaense, 16 anos. Perfeccionista, mas esculachada; irritada, e também ignorante. Durmo mais do que gostaria e escrevo mais do que poderia imaginar, só que... (+)

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Comecei a escrever porque gostava de brincar com as palavras, inventar humores, descrever cenários. Escrevia porque gostava de ter tudo sob controle... (+)

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10 pras 6
escrito em quarta-feira, 7 de agosto de 2013 às 17:19

       Toc, toc.
       A caixa escorregou de seu braço, e ele quase deixou-a cair. Ele riu. Estava nervoso é claro, como sempre ficava quando fazia essa entrega.
       Pondo-se bem no meio da varanda, de macacão azul da empresa, cabelo cuidadosamente arrumado daquela forma desleixada dele, os olhos cor do céu esperando a porta se abrir, a alpargata no pé, o crachás no peito.
       Um relacionamento? Longe disso.
       Ele fazia as entregas, ela as recebia. A pessoa mais louca que ele conhecia. E olha que ele nem a conhecia tanto assim - talvez, se você somar todos os minutos que suas entregas duravam, você teria aí no total umas 2, 3 horas. Acho até que estou sendo otimista.
       A porta se abriu lentamente.
       Usando uma camiseta branca maior que seu shorts, toda respingada de tinta azul claro  fosco (?), o cabelo castanho e ondulado preso no alto da cabeça, uma maquiagem, talvez de ontem, nos olhos, e um sorriso no rosto. Um lindo sorriso. A pele clara, as sardas, as feições delicadas, o cílios enorme. Não era a menina mais linda do mundo, mas com certeza não passava despercebida.
       - To começando a achar que você tem um certo probleminha com descontos virtuais - ele disse, mostrando a terceira caixa só dessa semana, a piada pensada e ensaiada no caminho do trabalho até ali.
       E ela riu, como sempre ria de suas piadas. Mas ela nunca continuava a brincadeira. Deixava sempre a conversa no ar, o pensamento parecendo estar sempre em outro lugar.
       E ela o convidaria para entrar, como sempre fazia.
       - Pode entrar fofo - a forma como ela sempre o chamava, fazia-o se sentir, sei lá, apenas mais um cara. Exatamente como ele não queria se sentir. Ou como se ele não precisasse mais bater na porta quando chegasse, como se fosse óbvio demais que era para ele entrar.
       A casa parecia estar de ponta-cabeça.
       - Vai se mudar? - ele perguntou, temeroso, notando as caixas nos cantos das salas.
       - Não. Vou me mudar - ela respondeu com um sorrisinho.
       Ela o levou até a cozinha, que agora tinha uma grande lousa cheia de desenhos e recados escritos pendurada na parede, cada um com um giz diferente. O chão agora era xadrez. A geladeira azul. Um fogão à lenha do lado da pia.
       - Pode por aí - ela apontou para a mesa e foi lavar os pincéis que segurava, na pia.
       Ele tinha 22. Ela tinha 20. Nenhum dos dois faziam faculdade. Ele sonhava em ser um jornalista, em fazer um curso profissionalizante na Escola de Belas Artes, mas agora era apenas um entregador do correio em tempo integral. Ela sonhava em ter um best seller, entregando-se única e totalmente aos seus romances. Ele queria sair do país. Ela era de uma cidade pequena, morando agora, sozinha, num grande centro.
       - Eu preciso te mostrar uma coisa - foi o que disse de repente. Ela se virou, largou os pincéis no balcão, e soltando o cabelo em seguida, saiu da cozinha.
       - Para mim? - ele a seguia pelo corredor, curioso.
       Estava em cima da cômoda de seu quarto. Ele parou na porta, observando-a rebolar daquele jeitinho engraçado até aquela apostila. Seu cabelo roçando sua cintura, seus braços e pernas branquelos manchados de tinta.
       - Para você.
       - "10 pras 6" - ele leu em voz alta.
       Ela deu uma risadinha. Estava encostada no batente da porta agora, bem do lado dele.
       - Você que escreveu?
       - Sim.
       - Por que você está me dando?
       - A história é sobre você.
       Ele a encarou. Seus olhos eram claros, quase bejes. Ela era pequenininha, batia em seus ombros.
       - Como assim?
       Ela deu uma risadinha.
       - A história é sobre nós dois na verdade. Como poderia ter acontecido, se, bem, nós tivéssemos nos apaixonados.
       Ele riu, não conseguindo se segurar.
       Ela se afastou, de repente, ofendida.
       - Você não gostou.
       - Não, claro que não - ele se adiantou um passo e segurou-a pela mão - Eu achei genial!
       A boca dela se abriu um pouquinho. Ela olhava para a mão dele, envolvendo a sua.
       Alguma coisa estava terrivelmente errada. Ou de repente, terrivelmente certa.
       O que é pior? Não ter o que quer, ou ter o que tanto quer?
       E agora que ela tinha, ou pelo menos poderia ter, o que ela faria?
       - Você tem que ler então - ela disse baixinho. Ver se você vai gostar do final.
       - Deixa eu adivinhar - ele sorriu, e soltou devagarinho a mão dela - eles ficam juntos?
       Ela riu, como sempre fazia, e não disse nada, como também sempre fazia.
       O clima começou a ficar um pouco constrangedor, e depois de uns comentários perdidos, e uma promessa de que ele leria sim, e que voltaria, com ou sem entrega, ele foi embora.
       A kombi estava estacionada do outro lado da rua.
       A chave caiu no chão asfaltado antes da porta ser destrancada.
       Ela ficou o espionando da janela até ele e seu carro azul virarem na esquina.
       Uma promessa de que ele voltaria.
       E as horas. Eram 10 pras 6.

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