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A AUTORA


Allana Gonzalez
Maringaense, 16 anos. Perfeccionista, mas esculachada; irritada, e também ignorante. Durmo mais do que gostaria e escrevo mais do que poderia imaginar, só que... (+)

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Comecei a escrever porque gostava de brincar com as palavras, inventar humores, descrever cenários. Escrevia porque gostava de ter tudo sob controle... (+)

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Madrugada sangrenta
escrito em quinta-feira, 4 de julho de 2013 às 13:14

      Eu acordei muito rápido para entender o que estava acontecendo.
      Fiquei por alguns segundos completamente imóvel, o lençol subindo e descendo ao ritmo de minha respiração, os olhos arregalados na escuridão, fitando, bom, fitando nada. 
      Então eu pude ouvir. 
      Um corpo, na sala, deixou-se cair no sofá. 
      Foi o suficiente para me tirar do sono.
      Com movimentos bruscos eu puxei o travesseiro, e pressionando-o no meu rosto, comecei a gritar.      Frustrada. 
      - De novo não - eu resmunguei. 
      Chutei os lençóis para fora da cama e me levantei. Atravessei o quarto pisando nas roupas que estavam jogadas no chão, chutando os livros que eu vinha devorando para as últimas provas do semestre e os braços esticados à frente do corpo, procurando o interruptor. 
      A luz foi acendida e fiquei cega por um instante. O roupão sendo posto de maneira ensaiada, o cabelo sendo preso no alto por costume e os pés caminhando silenciosamente pelo corredor no chão frio da madrugada. Eu estava deixando o quarto. 
      Eu não parei na sala para conversar com ela. Eu sabia que ela não gostava disso, de ter alguém sempre cuidando dela. Principalmente a irmã mais velha. É claro que ela queria a mãe, mas bom, nós não tínhamos. Não mais pelo menos. Nem a mãe, nem o pai. Então eu atravessei a sala, indo direto para a cozinha, o canto de meu olho captando-a sentada imóvel no sofá. 
      Pesadelos. 
      Eu olhei para o relógio. 
      - Olha, dessa vez você conseguiu dormir mais do que o normal - eram 3 horas. Não fazia nem uma hora que eu tinha ido dormir. 
      Ela não me respondeu. 
      Eu coloquei a água para ferver no fogão, e peguei o café na prateleira. 
      Eu estava cansada. Muito cansada.
      Fazia quanto tempo que eu fazia isso? Uns quatro meses? Não. Mais. Exatamente 5 meses e 9 dias. O luto estava sendo difícil. E bom, me diga, quando que é fácil? De repente era eu e minha irmã, e o que tem de fácil nisso? Duas órfãs. Sozinhas. Machucadas. E enquanto minha irmã pode surtar, faltas às aulas, eu tenho que estudar, garantir um futuro, nos sustentar, manter a cabeça no lugar, abafar os meus próprios pesadelos no travesseiro, chorar escondida, porque por ela eu tenho que ser forte. 
      Quando percebo, minhas unhas estão sendo pressionadas no granito, minha mão branca de tanto que eu aperto a pia. O mundo de repente gira, e gira, e gira. O chão toma um ângulo estranho de 90 graus, e eu aperto mais a pia, tentando me sustentar. A água no fogão começa a borbulhar, e eu posso ouvi-la. Já da minha irmã, nenhum pio, e isso não é novidade depois daquele enterro. 
      Eu abro a torneira e molho o meu rosto, esfrego, bato. 
      Volto para o fogão e continuo a bebida. 
      - Sabe, eu estava pensando da gente almoçar fora hoje. Acho que nós duas percebemos que eu não me dou muito bem na cozinha - eu dei uma risadinha. 
      Silêncio.
      - Pensei da gente ir naquele restaurante indiano que você gosta e eu odeio. 
      Peguei uma xícara no armário. Depois voltei e peguei duas. A noite seria longa. Ela só pegava no sono quando percebia que eu não iria dormir. 
      - Eu posso te buscar depois da faculdade. Você não precisa voltar de ônibus.
      Guardei as coisas do escorredor e peguei as xícaras. 
      - Só mais essa e eu fico de férias - eu me interrompi, tentando apagar a luz da cozinha sem derramar nada. Sabe, - eu continuei, ainda distraída, minha mão apanhando do interruptor - você podia falar alguma coisa sabia? 
      A luz se apagou e eu me virei.
      Aquela ali não era a minha irmã.
      Com uma velocidade assustadora, o frio do piso pareceu subir por todo o meu corpo, congelando minhas vertebras, arrepiando os meus pelos, fazendo os meus dedos ficarem duros e gelados. Cortando a minha respiração.  
      Tentei manter a calma e o mundo estabilizado. O chão já estava parecendo ficar mais escorregadio que o normal, as minhas pernas mais fracas, e o meu coração... 
      - Elen? 
      As sombras me atrapalhavam, mas eu não tinha coragem de acender a luz da sala.
      Aquela ali, sentada no sofá, completamente imóvel, era de fato a minha irmã, disso eu tinha certeza, mas a forma como ela estava posicionada, os membros dispostos de maneira desconexa. Não. 
      A cabeça pendia para trás, no encosto, e os braços estavam esparramos em volta do corpo. E os pés. Os pés não estavam se firmando no chão. 
      - Elen? 
      As xícaras caíram no chão, e eu me assustei. 
      Pulei para longe dos cacos, para pisar em algo que manchava o tapete. 
      Sangue.
      Minha cabeça girava, mas mesmo assim eu fui até ela e ninei o cadáver. Balançava o corpo dela junto do meu, indo pra frente e pra trás. E cedo ou mais tarde minha dor iria acordar os vizinhos, porque eu gritava, eu chorava, a chamava e soluçava. 
      De repente, eu a empurrei para longe, e o corpo caiu como um saco de batata no chão. 
      Tudo ficou muito quente de repente. 
      Eu estava em pé no sofá, mais afastada o possível dela, esperando ouvir de novo. A respiração. Cade a respiração? 
      - Fofa - uma voz surgiu da escuridão - você está olhando para a pessoa errada.
      Eu não estava sozinha. 

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